
Com pouca radiação, buracos negros de massa intermediária são difíceis de observar — a não ser quando uma estrela vacila e fica próxima a eles...
Existem diversos tipos de buracos negros no universo. Desde os formados por estrelas massivas que, quando ficam sem energia, colapsam e passam a sugar tudo que passa em volta, até os supermassivos, habitando os centros das galáxias, com massa equivalentes a milhões ou bilhões de sóis.
Entre esses dois extremos existe um tipo raro de buraco negro, com massa intermediária. Astrônomos acreditam que ele se forma pela fusão de estrelas massivas encontradas em aglomerados estelares densos, tornando esses lugares os mais indicados para procurá-los.
Mas tem um problema. Quando esses buracos negros se formam, restam poucos gases nos arredores. Sem material para consumir, liberam pouca radiação, sendo muito difícil de serem detectados."Um dos poucos métodos que podemos usar para tentar encontrar um buraco negro de massa intermediária é esperar que uma estrela passe perto dela — isso ativa o apetite do buraco negro novamente e o leva a emitir um flare que podemos observar", afirmou Dacheng Lin, da Universidade de New Hampshire, EUA.

A LUZ BRANCO-PÚRPURA NO CANTO INFERIOR ESQUERDO MOSTRA A EMISSÃO DE RAIOS X DOS RESTOS DE UMA ESTRELA QUE FOI RASGADA QUANDO CAIU EM DIREÇÃO A UM BURACO NEGRO DE MASSA INTERMEDIÁRIA. A GALÁXIA HOSPEDEIRA DO BURACO NEGRO ESTÁ LOCALIZADA NO MEIO DA IMAGEM. (FOTO: RAIO X: NASA / CXC / UNH / D.LIN E OUTROS, ÓTICO: NASA / ESA / STSCI)
Foi exatamente o que aconteceu em uma grande galáxia a cerca de 740 milhões de anos-luz de distância. Analisando dados coletados pela sonda da Agência Espacial Européia (ESA), XMM-Newton, entre os anos de 2006 e 2009, detectaram um enorme clarão de radiação lançada quando uma estrela passou muito perto de um buraco negro e foi engolida.
"Isso é incrivelmente excitante: esse tipo de buraco negro não foi visto tão claramente antes", se entusiasmou Lin. "Alguns candidatos foram encontrados, mas no geral são extremamente raros. Este é o melhor candidato observado até agora."
"Nós também analisamos imagens da galáxia tomadas por uma série de outros telescópios, para ver como a emissão se parecia opticamente", diz o co-autor do estudo, Jay Strader, da Universidade Estadual de Michigan, EUA.
"Vimos a fonte queimando em brilho em duas imagens de 2005 - ela ficou muito mais azul e brilhante. Comparando todos os dados, determinamos que a estrela infeliz provavelmente foi devorada em outubro de 2003 em nosso tempo, e produziu uma explosão de energia que decaiu nos 10 anos seguintes ou mais", completou.
A teoria dos cientistas é que esse é o processo para a formação de buracos negros supermassivos no centro das galáxias. Nesse caso, a estrela engolida teria se tornado parte do buraco negro, resultando em uma massa 50 mil vezes maior que a do Sol.
“Aprender mais sobre esses objetos e fenômenos associados é fundamental para nossa compreensão dos buracos negros. Nossos modelos são atualmente semelhantes a um cenário em que uma civilização alienígena observa a Terra e vê os avós deixando seus netos na pré-escola”, explica Norbert Schartel, do ESA.
“Eles podem deduzir que há algo intermediário para se adequar ao seu modelo de vida humana, mas sem observar esse elo, não há como saber com certeza. Essa descoberta é incrivelmente importante e mostra que é um bom método de descoberta ", concluiu.
FONTE: REVISTA GALILEU
Comentários
Postar um comentário