Meteorito ainda intriga moradores 50 anos após queda no interior de SP: 'achava que era um disco voador'
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São Simão (SP), no interior de São Paulo (Foto: Reprodução/EPTV)
Jornalista e testemunhas da região de Ribeirão Preto (SP) relembram clarão e barulho vindos do céu em 1967. Décadas depois, pesquisadores confirmaram que aerólito tem a mesma matéria da origem do sistema solar.
O barulho e o clarão observados no céu ainda estão presentes na memória de quem os testemunhou em 14 de agosto de 1967. Cinquenta anos depois, a queda do Meteorito Saulo Gomes ainda intriga moradores da região de Ribeirão Preto (SP), onde seus fragmentos foram encontrados.
"Todo mundo perguntava o que tinha acontecido, mas ninguém tinha explicação. A maior parte achava que era um disco voador, uma bola de fogo, mas ninguém sabia o que era realmente", afirma Rita de Cássia Puccini, que tinha 13 anos quando vivenciou o fenômeno astronômico em São Simão (SP).
O episódio colocou a cidade até então de 15,5 mil habitantes do interior de São Paulo no noticiário nacional e internacional da época.
Com nome em homenagem ao jornalista que preservou seus três únicos resquícios conhecidos na Terra, o aerólito foi classificado por pesquisadores brasileiros, da Unesp de Rio Claro (SP), e canadenses, de um laboratório de Vancouver, como um condrito ordinário, ou seja, um tipo comum de meteorito, composto pela mesma matéria que deu origem ao sistema solar há 4,5 bilhões de anos.
A descoberta da ciência, que somente veio em 2009, foi possível porque Saulo Gomes, jornalista da extinta TV Tupi em São Paulo que cobriu a queda do meteorito em 1967, guardou por quatro décadas as pedras encontradas no estábulo de uma fazenda em Buritizal (SP).
Dessas, uma ficou de recordação. Outra foi doada ao Museu Heinz Ebert, na Unesp de Rio Claro - onde a pesquisa foi realizada -, e a terceira foi concedida, há três anos, para o Museu Nacional do Rio de Janeiro, que detém a maior coleção no país de fragmentos espaciais coletados desde o Brasil Império.
"Produto realmente de intuição. Três pedras, produto de uma reportagem. E não tínhamos a menor ideia que elas faziam história", diz o jornalista.
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Reprodução de jornal de 1967 retratando queda de meteorito na região de Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)
'Bola de fogo'
O fotógrafo aposentado Antônio José Zerbetto dormia quando foi acordado por seu pai, assustado, por volta das 3h40 de 14 de agosto de 1967, em São Simão. "Uma bola de fogo caiu do céu aqui na região", lembra.
Em um grupo formado por quatro pessoas, ele saiu à procura do objeto misterioso em meio ao cerrado característico da região. "A cidade inteirinha entrou em alvoroço, todo mundo falando, só se falava nisso. Qualquer rodinha que você ia, qualquer lugar, o assunto era esse”, lembra.
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Natureza do meteorito 'Saulo Gomes' foi confirmado em 2009 por pesquisadores da Unesp e do Canadá (Foto: Reprodução/EPTV)
Foram seis horas de buscas cheias de dúvidas e nenhuma certeza na volta para a cidade. "A gente ouvia falar do clarão e do estrondo que deu. Mas não achamos nada. Achamos uma queimada, olhamos em volta não tinha sinal nenhum de reviravolta no chão, nada", cita.
O empresário Sérgio Salvador relata que os moradores, com medo e sem saber o que tinha acontecido, chegaram a cogitar a explosão de uma locomotiva. "A cidade ficou em polvorosa, ninguém sabia o que tinha acontecido. Se era bomba, se tinha caído alguma coisa", diz.
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O fotógrafo aposentado Antônio José Zerbetto, de São Simão (Foto: Reprodução/EPTV)
As pedras
A notícia chegou por volta das 6h à redação da extinta TV Tupi, em São Paulo, onde o repórter Saulo Gomes, também conhecido na época por coberturas como a respeito do médium Chico Xavier, estava de plantão. Quatro horas depois, ele e sua equipe estavam em São Simão para iniciar o trabalho de apuração.
"Caminhoneiros, motoristas de carros, de ônibus, abordados por mim na estrada e em cidades vizinhas, disseram que a luminosidade que se espalhou a partir da explosão aqui em São Simão, deu a sensação de que estávamos em pleno dia. Muitos motores de veículos apagaram sem nenhuma explicação", conta.
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O jornalista Saulo Gomes e o meteorito encontrado em Buritizal (SP) (Foto: Reprodução/EPTV)
FONTE: G1.COM
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