
POR SALVADOR NOGUEIRA
Durante seu planejamento inicial, a missão Voyager, que completou 40 anos no espaço no último domingo (20), poderia ter ido até Plutão — então tido como o nono planeta do Sistema Solar. Mas os cientistas preferiram deixar para lá, em nome de outro alvo: Titã, a maior das luas de Saturno. É o que conta Ed Stone, 81, cientista-chefe da missão desde 1972, em entrevista ao Mensageiro Sideral.
Uma possibilidade originalmente aventada seria mandar a Voyager 1 para Júpiter, Saturno e, de lá, para Plutão, enquanto a Voyager 2 visitaria Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, como de fato aconteceu. Mas os cientistas estavam especialmente intrigados com Titã, a única lua do Sistema Solar a abrigar uma atmosfera densa recheada de moléculas orgânicas. Só que a trajetória ótima para o estudo de Titã impediria a sonda de ganhar o impulso gravitacional certo de Saturno para pegar o caminho de Plutão. E aí, entre um alvo e outro, os pesquisadores da Nasa preferiram ficar com Titã.
“Bem, Titã estava obviamente apenas quatro anos depois do lançamento, e Plutão teria sido doze anos”, diz Stone. “Então, alguém estaria trocando algo que achávamos bem provável que acontecesse por algo que era menos provável, que a espaçonave pudesse durar por tanto tempo.”
A exploração da lua saturnina produziu alguns resultados muito interessantes, como a descoberta de que a atmosfera dela era majoritariamente feita de nitrogênio, como a da Terra, e que muitas reações químicas prebióticas deviam se desenrolar por lá. Também foram obtidas evidências de que Titã tinha nuvens de metano e provavelmente chuvas de metano.
Mas, no fim das contas, passar perto da lua não foi tão vantajoso para a Voyager 1, considerando que Titã era encoberto por uma densa névoa que impedia qualquer observação da superfície em luz visível. E o reconhecimento de Plutão teve de esperar a sonda New Horizons, que finalmente completou a meta deixada em aberto pelas Voyagers em 2015.
Aproveitando a deixa sobre “dúvidas” e “caminhos percorridos”, confira essa pequena — mas eloquente e genial — tira de quadrinhos produzida por Renato Cambraia, engenheiro e quadrinista, em homenagem aos 40 anos da missão Voyager.
E confira a seguir o papo de cerca de meia hora que o Mensageiro Sideral travou com Ed Stone, falando dos pontos altos da Voyager, os resultados da missão interestelar até aqui, o que se espera descobrir ao longo da próxima década, o famoso Golden Record destinado a uma potencial civilização extraterrestre e como foi trabalhar com Carl Sagan. A conversa é acompanhada por muitas imagens e vídeos históricos da Voyager.
FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br
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