
POR SALVADOR NOGUEIRA
De questão discutível, a contestação das mudanças climáticas se tornou puro negacionismo ao longo da última década. A afirmação é de Paulo Artaxo, físico da Universidade de São Paulo e membro do IPCC, o Painel Intergovernamental para Mudança Climática da ONU. “A ciência prevaleceu.”
“Veja que interessante: mesmo o presidente Trump, no discurso em que anunciou a saída do acordo de Paris, ele não anunciou a saída porque ele ‘não acredita’, entre aspas, no efeito estufa etc. e tal. Não. Ele aceitou que existem as mudanças climáticas, ele aceitou a necessidade de fazer redução de emissão de gases de efeito estufa, ele só acha que a maneira como foi negociado o Acordo de Paris é prejudicial aos interesses americanos. Isso é muito importante observar”, disse Artaxo ao Mensageiro Sideral.
Antes de se tornar presidente, Trump havia chegado a dizer que o aquecimento global era uma fraude perpetrada pelos chineses — ignorando (ou talvez optando por ignorar) que a imensa maioria das evidências das mudanças do clima terrestre vêm de estudos da Nasa, a agência espacial americana.
Artaxo diz que quaisquer disputas científicas remanescentes sobre a realidade e as causas das mudanças climáticas sumiram completamente de vista nos últimos anos, tanto no Brasil como no exterior. “Essas questões foram ao longo dos últimos 10 anos fomentadas principalmente pelos chamados negacionistas, que aí, entre aspas, “não acreditavam” na questão do efeito estufa”, diz o pesquisador.
“Agora, não é questão de acreditar ou não acreditar, porque ciência não é religião, a gente não acredita ou desacredita em fatos científicos. Você observa a ciência e as evidências científicas e faz seu julgamento em cima disso — nada a ver com a questão da crença religiosa. Então não existe mais essa questão de acreditar ou não acreditar.”
Para o cientista, as negociações e os estudos entram numa nova etapa. “A questão agora é como nós vamos reduzir as emissões de gases de efeito estufa de uma maneira a não prejudicar a economia dos países, de uma maneira que seja internacionalmente justa e que os países paguem de acordo com suas responsabilidades.”
Artaxo atualmente está na Universidade Harvard, nos EUA, trabalhando em cooperação internacional num experimento para medir os efeitos da interação entre as emissões atmosféricas da floresta amazônica e de uma grande cidade — no caso, Manaus –, o GoAmazon.
Confira a seguir a entrevista completa com Paulo Artaxo.
FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br
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