Ilustração de uma vela solar alimentada por feixe de rádio (vermelho) gerado na superfície de um planeta (M. Weiss / CfA/Reprodução)
Cientistas de Harvard confirmaram a possibilidade de construção extraterrestre estar enviando ondas de energia à Terra
Sinais de rádio captados por telescópios terrestres podem ter sido enviados pela energia de espaçonaves alienígenas. Cientistas da Universidade de Harvard concluíram que o uso da luz de alguma estrela no abastecimento de um possível ‘barco a vela intergaláctico’ é capaz de emitir essas ondas de rádio, das quais, até agora, não se sabe a origem.
A pesquisa foi publicada em fevereiro no periódico científico Astrophysical Journal Letters e discute a possibilidade desses sinais não terem sido originados por elementos naturais e, sim, por construções extraterrestres. Eles são chamados de Rajadas Rápidas de Rádio (FRBs, na sigla em inglês), têm duração de menos de cinco milissegundos e são captadas por gigantes telescópios de rádio.
Desde que a primeira identificação de uma FRB foi feita em 2007 pelo telescópio australiano Parkes, dezessete outros sinais foram listados na categoria. Os astrofísicos ainda não sabem de onde as ondas foram emitidas e por que não são constantes. As hipóteses mais aceitas até então sugeriam que elas são resultado da morte de uma estrela ou da junção de dois buracos negros.
No entanto, Avi Loeb, físico do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica e um dos autores da publicação, acredita que, já que não se encontraram fortes evidências da origem de FRBs em astros naturais, é plausível que se discuta a sua geração artificial. “FBRs são excessivamente brilhantes considerando sua curta duração e origem, a longas distâncias. Como não identificamos nenhuma fonte natural possível com confiança, vale a pena considerar e checar uma origem artificial”, disse em comunicado.
Com o objetivo de verificar a possibilidade das FRBs serem geradas por equipamentos, ele se juntou ao engenheiro Manasvi Lingam, também de Harvard, para a realização de diversos cálculos físicos e de construção. Eles concluíram que transmissores do tamanho de planetas poderiam fornecer energia para sondas interestelares – e esse abastecimento estaria sendo interceptado, por breves momentos, pela Terra, explicando os sinais de rádio.
Para sustentar a nave, a fonte teria que emitir raios de energia continuamente, como um holofote. Em analogia ao barco à vela, a energia estrelar absorvida funcionaria como o vento e empurraria a espaçonave. Eles acreditam que partes desse feixe energético poderiam atingir o nosso planeta, já que ele e nave estariam se movimentando em relação a Terra. Segundo os cientistas, essa poderia ser a origem dos dezessete FRBs registrados. “O número de vezes que nós veríamos essas ondas depende de muito fatores, relacionados ao caminho do veículo e a sua localização”, explicou Lingam ao site de VEJA. Ele acredita ainda, que todos os FRBs listados provavelmente sejam de diferentes fontes.
Para enviar energia a uma espaçonave a galáxias de distância, os cientistas afirmam que seria necessário um transmissor com um tamanho equivalente a duas Terras. Apesar dessa construção estar muito além da tecnologia terrestre atual, ela é possível segundo as leis da física e da engenharia, de acordo com o estudo.
Os pesquisadores acreditam que essas estruturas seriam úteis para fornecer energia a grandes navegações interestelares. A energia gerada seria capaz de empurrar uma carga de um milhão de toneladas – o que corresponde a vinte vezes a capacidade do maior cruzeiro da Terra. “Isso é grande o bastante para carregar passageiros por distâncias interstelares e até intergalácticas”, disse Lingam, em comunicado.
Ondas de rádio
Em janeiro deste ano, cientistas anunciaram a descoberta da origem de uma FBR pela primeira vez. Ela estaria em uma pequena galáxia, a pouco mais de três bilhões de anos-luz de distância (cada ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros). A pesquisa foi publicada na revista científica Nature e baseada em dados obtidos por modernos radiotelescópios do observatório Very Large Array (VLA), nos Estados Unidos. Nomeada de FRB 121102, seu rastreamento foi possível porque os sinais já atingiram a Terra diversas vezes.
Mesmo que fosse possível transformar esses feixes de energia da FRB 121102 em sinais de rádio audíveis e inteligíveis, a comunicação com outras galácticas ainda seria difícil. Isso porque, mesmo se a onda viajasse à velocidade da luz, ela levaria três bilhões de anos para ir dessa pequena galáxia até a Terra.
Sobre a existência de extraterrestres, Loeb defende que o trabalho é meramente especulativo e que não cabe à ciência acreditar em alienígenas. “Não se trata de crença e sim de evidência. É melhor desenvolver ideias e deixar que os dados decidam”, afirmou.
FONTE: REVISTA VEJA
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