Imprimindo vida
Imprimir tecidos vivos já é uma experiência rotineira em muitos laboratórios ao redor do mundo.
Contudo, para criar tecidos vivos funcionais - de um tipo que possa ser usado em enxertos ou transplantes, por exemplo - é necessário criar também a vascularização desses tecidos.
Em outras palavras, é necessário imprimir os vasos sanguíneos que vão levar nutrientes e retirar os rejeitos, para que as células se mantenham vivas e saudáveis.
Esse passo crucial acaba de ser dado por uma equipe da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
O sistema de bioimpressão depositou múltiplos tipos de células e construiu minúsculos vasos sanguíneos em seu interior, criando um tecido similar aos tecidos humanos.
A aplicação imediata da técnica será na criação de estruturas para o teste de medicamentos, em substituição ao uso de animais de laboratório, que não reproduzem adequadamente a interação entre os fármacos e o corpo humano.
A técnica também representa um passo inicial rumo à construção de tecidos artificiais que possam ser usados em cirurgias.
Bioimpressão
As técnicas de impressão 3D já vêm sendo usadas para imprimir tecidos vivos há algum tempo, usando "biotintas", isto é, "tintas" compostas por células vivas em solução.
Os problemas começam quando se tenta imprimir várias camadas de células. As células que ficam embaixo morrem por falta de oxigênio e nutrientes, além de não terem como se livrar do dióxido de carbono e outros detritos.
Para superar esse desafio, David Kolesky e seus colegas desenvolveram várias biotintas. Uma biotinta contém a matriz extracelular, o material biológico que tece as células em tecidos, enquanto outra contém as células vivas propriamente ditas - cada tipo de célula forma sua própria biotinta.
Para criar os vasos sanguíneos, eles desenvolveram uma outra biotinta com uma propriedade incomum: ela derrete quando esfria, e não quando é aquecida, como ocorre normalmente.
Isto permitiu primeiro imprimir uma rede interligada de filamentos e, em seguida, fundi-los esfriando o material e aspirando o líquido para criar uma rede de tubos ocos - os vasos sanguíneos artificiais, por onde os nutrientes podem ser enviados ao tecido artificial.
"A capacidade de construir redes vasculares funcionais em tecidos 3D não só permite produzir tecidos mais espessos, mas também abre a possibilidade de ligar cirurgicamente estas redes à vasculatura natural, para promover a perfusão imediata do tecido implantado, o que deve aumentar consideravelmente sua capacidade de enxertia e sobrevivência," disse o professor Don Ingber, coordenador da equipe.
FONTE: SITE INOVAÇÃO TECNOLOGICA
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