
Formada em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Héllen é amazonense, mas residia no Ceará desde o fim da década de 1980
A vida surpreende. Há 12 anos, uma Héllen Távora chegava aos Estados Unidos da América (EUA), na Flórida, para aprimorar o inglês. Hoje, aos 42 anos, ela está prestes a conquistar um sonho: participar de um voo da Nasa, agência espacial americana.
Formada em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Héllen é amazonense, mas residia no Ceará desde o fim da década de 1980. Se dizia uma rata de laboratório e adorava fazer ciência. Porém, o coração já havia balançado, ainda na infância, para outro lado: o da astronomia.
Na verdade, o curso da UFC foi apenas mais um trecho a ser percorrido para fazer o que realmente ama. “Farmácia não diverge de ciências espaciais. O básico é matemática, para entender a física que governa a química, que permite a biologia”, considera.
Apaixonada pelas estrelas, ao chegar em um país desconhecido, teve contato com a Associação dos Astrônomos Amadores do Sul da Flórida (AAASF) e o Observatório Fox, na cidade de Sunrise. Despertou, então, a vontade de observar planetas e passou a investir nisso.

Héllen é professora voluntária de astronomia na Flórida (FOTO: Arquivo pessoal)
Estudou, fez cursos. E o que parecia distante, de repente tornou-se próximo. Teve a oportunidade de ensinar astronomia aos sábados, em ocasiões especiais como solstício e equinócios. Há 5 anos, é professora voluntária no Observatório Fox, além de outras instituições durante alguns eventos. Durante a semana, trabalha para um grupo industrial de rede de negócios. Mas suas folgas já tem compromissos sagrados com o ensino.
“Amo o que faço. Já tenho um pupilo na universidade e duas meninas do segundo grau participando de estágios pagos de verão na Nasa. Fora os pequeninos que estão na fase de perguntar o porquê para os pais. Os pais dos visitantes regulares trazem as crianças até de pijamas só para aguçar a curiosidade científica ou acha alguém que saiba responder a pergunta cabeluda”, ressalta.

Sofia é um boeing 747 da Nasa que voa mais alto do que outros aviões comuns (FOTO: Arquivo pessoal)
Recentemente, foi convidada para fazer parte da lista para viajar no Sofia, uma aeronave especial da Nasa que fará voos de observação na atmosfera terrestre. Ele voa 12 a 14 quilômetros mais alto que os aviões convencionais. Trata-se de um Boeing modelo 747-SP adaptado para a viagem e que possui um telescópio de 2.5 metros de diâmetro instalado. O voo acontecerá em março.
Preparação
Para fazer parte da lista de convidados, Héllen teve que ralar muito. Como é professora, acaba recebendo notícias sobre educação e ciências. Por acaso, em 2013, viu a primeira turma a participar dos voos. Nessa hora, imaginou-se realizando o mesmo fato e programou-se para que 2014 o sonho torna-se realidade.
Quando saiu o edital, Héllen foi atrás montar sua equipe: era necessário um educador formal e um informal. Como ela seria a informal, faltava alguém no time. “O meu primeiro pensamento foi um professor de física da AAASF, mas ele estava muito ocupado. Por sorte, ele passou a oportunidade para Nathan Mahoney, seu colega e também membro da Associação. Eu não o conhecia”, revela.
De abril até novembro de 2013, juntos, Héllen e Nathan deram entrada na proposta e escreveram o projeto. Depois de escolhidos entre mais de 100 projetos de todo o país, passaram a assistir aulas eletrônicas de física específicas para o Sofia. “Dormir? O que significa essa palavra? Só voa, se passar nas provas”, explica a professora.
Sobre a vida
Questionada sobre preconceitos por ser uma estrangeira, a professora salienta que na área de ciências é bastante respeitada, diferente da “vida normal”. “É um pouco irritante ser tratado como criança, analfabeto, surdo ou desabilitado mental por causa do sotaque. Mas na área de ciências é outra história. Esse país tem tradição acadêmica de trazer os melhores e mais brilhantes do mundo para avançar”.
Com todos esses planos, a ideia de voltar para o Brasil ficou para trás. Héllen pretende continuar no Observatório Fox, na procura de ensinar não só nas folgas, mas em tempo integral. Com o voo da Nasa, a professora terá a oportunidade de mais uma vez recomeçar e se reapaixonar pela astronomia.
FONTE: http://tribunadoceara.uol.com.br/
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