Todos sabemos que o petróleo é um recurso finito, e que por causa disso são realizadas pesquisas com combustíveis alternativos — nossa amada gasolina não vai durar para sempre. A menos que alguém consiga criá-lo em laboratório, como um grupo de cientistas coreanos que conseguiu fazer gasolina com cocô de bactérias.
“Uau, mas é tão simples assim”? Não, cara. Antes de sair comemorando, precisamos esclarecer algumas coisas.
Primeiro: bactérias não fazem “cocô” de verdade — elas não comem, não digerem alimentos, nem ao menos têm um sistema digestivo! Na verdade, estamos falando da excreção de substâncias. Bactérias “consomem” materiais, extraindo deles os componentes que precisam sobreviver, e no processo são produzidas enzimas. As enzimas são capazes de gerar reações químicas nestes materiais, e o resultado são as mais variadas substâncias.
Também não estamos falando de qualquer bactéria. O estudo, realizado recentemente por cientistas do Laboratório de Engenharia Biomolecular da Coréia do Sul, teve como objeto as bactérias Escherichia coli. Estas bactérias são bastante comuns em pesquisas científicas, e, embora sejam relacionadas a intoxicações alimentares, também costumam ser modificadas geneticamente para várias pesquisas com diferentes finalidades. Você não está ligando o nome à pessoa (ou à bactéria)? Talvez fique mais fácil se dissermos que a Eschericha coli é um tipo de coliforme fecal — aquele sempre te disseram que vai te pegar caso você não lave as mãos depois de usar o banheiro e que vive no intestino de praticamente todos os animais de sangue quente, humanos inclusive.
Os cientistas coreanos conseguiram fazer as bactérias consumirem biomassa ou glucose e, no processo, produzirem enzimas que transformam o açúcar em ácidos graxos, que por sua vez se transformam em hidrocarbonetos com a exata composição química da gasolina.
Obviamente, o maior obstáculo para passar disso para a produção em massa de gasolina de bactéria é a quantidade do material. Bactérias são microscópicas, e uma cultura delas produz apenas poucas gotas por hora. A intenção é aumentar a capacidade de produção para 20 gramas de combustível para cada litro de cultura de bactérias. Além disso, o cultivo de bactérias é muito sensível a variações de temperatura, umidade e pH, e exige um ambiente obsessivamente controlado — algo que custa muito dinheiro.
É cedo para dizer que esta descoberta pode salvar a indústria automotiva — veículos híbridos e elétricos estão decolando, pesquisas com combustíveis alternativos continuam sendo feitas, e ainda há um longo caminho para otimizar a produção de gasolina de bactérias. Contudo, nunca é demais ter uma plano alternativo.
FONTE: http://www.nature.com/
Comentários
Postar um comentário