Pular para o conteúdo principal

A misteriosa estrela que 'sobreviveu' a supernova e foi descoberta por cientistas brasileiros


Astrônomos acreditam que estrela passou por uma supernova 'parcial' - UNIVERSIDADE DE WARWICK / MARK GARLICK

Paul Rincon
Editor de ciência da BBC News

Como se fossem biógrafos de um objeto cósmico, astrônomos acabam de publicar um estudo sobre uma estrela com "história de vida" intrigante e peculiar.

Trata-se de uma estrela que sobreviveu a uma supernova e, depois de uma explosão nuclear, foi lançada à nossa galáxia com uma velocidade de 900.000 km/h — atipicamente rápida para uma estrela com baixa massa como esta.

Uma supernova é uma poderosa explosão que ocorre quando algumas estrelas chegam ao fim de suas vidas; mas, neste caso, a explosão não foi suficiente para destruí-la.

Conhecido como SDSS J1240 + 6710, o objeto foi descoberto em 2015 por dois pesquisadores brasileiros, Kepler Oliveira e Gustavo Ourique, além de Detlev Koester, astrônomo na Alemanha.

Astrônomos acreditam que o objeto, do tipo anã branca, estava originalmente orbitando outra estrela, que pode ter sido lançada na direção oposta.

Quando duas estrelas orbitam assim entre elas, são descritas como "binárias". Apenas uma das estrelas que comporia a dupla foi detectada pelos astrônomos, no entanto.

Composição atípica

Já se sabia anteriormente que a anã branca tem também uma composição atmosférica incomum — sem hidrogênio nem hélio, como é comum, mas sim contendo uma mistura atípica de oxigênio, néon, magnésio e silício.

Agora, usando o telescópio espacial Hubble, uma equipe internacional também identificou carbono, sódio e alumínio na atmosfera da estrela, todos produzidos nas primeiras reações termonucleares de uma supernova.

Mas há também uma clara ausência do que é conhecido como o "grupo de ferro" de elementos — ferro, níquel, cromo e manganês.

Esses elementos mais pesados ​​são normalmente "cozidos" a partir dos mais leves e compõem as características definidoras das supernovas termonucleares.

A falta de elementos do grupo de ferro na SDSSJ1240 + 6710 sugere que a estrela passou por uma supernova parcial antes que a queima nuclear acabasse.

Autor principal do estudo, publicado em um periódico da Sociedade Real de Astronomia, no Reino Unido, o professor Boris Gänsicke afirmou: "Esta estrela é única porque possui todas as características essenciais de uma anã branca, mas tem velocidade muito alta e elementos abundantes incomuns que não fazem sentido com sua baixa massa".

"Sua composição química tem a 'impressão digital' da queima nuclear, uma massa baixa e uma velocidade muito alta; todas essas características implicam que ela deve ter vindo de algum tipo de sistema binário e deve passado por uma ignição termonuclear. Foi um tipo de supernova, mas de um tipo que nunca vimos antes", disse Gänsicke, professor do departamento de física da Universidade de Warwick.

Kepler, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, também faz parte da equipe que assina o artigo.


Através do telescópio espacial Hubble, equipe internacional conseguiu detalhar composição da SDSS J1240 + 6710 - NASA

A alta velocidade observada pode ser explicada pela possibilidade de que as duas estrelas tenham sido lançadas em direções opostas, como uma espécie de efeito de estilingue após a explosão.

Os cientistas também conseguiram medir a massa da estrela, que é particularmente baixa para uma anã branca, apenas 40% da massa do nosso Sol. Isso vai ao encontro de uma supernova parcial que não destruiu completamente a estrela.

A natureza da queima nuclear que ocorre em uma supernova é diferente das reações que liberam energia em usinas nucleares ou na maioria das armas nucleares. A maioria dos usos da energia nuclear na Terra depende da fissão — que decompõe elementos mais pesados ​​em elementos mais leves. Isto é diferente da fusão que ocorre em uma estrela.

"O processo durante uma supernova termonuclear é muito semelhante ao que tentamos alcançar na Terra para usinas do futuro: fusão nuclear de elementos mais leves em outros mais pesados, o que libera grandes quantidades de energia", explicou Gänsicke à BBC News.

"Em um reator de fusão, usamos o elemento mais leve, o hidrogênio. Em uma supernova termonuclear, a densidade e a temperatura na estrela se tornam tão altas que a fusão de elementos mais pesados ​​inflama — começando com o carbono e oxigênio como 'combustíveis' e passando para a fusão de elementos cada vez mais pesados."

As supernovas termonucleares melhor estudadas são classificadas como Tipo Ia. Estas ajudaram na descoberta da energia escura e agora são rotineiramente usadas ​​para mapear a estrutura do Universo. Mas há evidências crescentes de que supernovas termonucleares podem ocorrer sob condições muito diferentes.

A SDSSJ1240 + 6710 pode ser o sobrevivente de um tipo de supernova que ainda não foi observada enquanto está acontecendo.

Sem o níquel radioativo que alimenta o brilho duradouro das supernovas Tipo Ia, a explosão que enviou a anã branca para sua veloz jornada por nossa galáxia teria sido um breve flash de luz difícil de ser descoberto.

FONTE: BBC BRASIL

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Arquivo Ovni: Caso Jardinópolis

Jardinópolis esta distante 335 km da capital paulista, localizada na região de Ribeirão Preto foi palco de um acontecimento insólito na noite de 27 de dezembro de 2008, onde um grupo de adolescentes na época teriam presenciado a descida de luzes vermelhas e azuis num terreno baldio próximo de onde estavam, um dos garotos tomou uma imagem com seu celular, porém de baixa resolução. A seguir trecho extraído do blog feito por membros dos familiares dos jovens, contendo relatos e frame do vídeo feito. Relato dos envolvidos: "Por Luciene [AVISTAMENTO DE MEU FILHO] Sábado 27/12/2008, meu filho de 15 anos chega assustado em casa aproximadamente umas 23:45. Meu filho faz parte de um grupo de jovens da igreja católica, e acabando a missa, ele e seus amigos foram para uma pracinha. Essa pracinha fica em um bairro novo. E próximo daquele lugar tem uns terrenos baldios cheios de mato. Eles estavam conversando quando avistaram de longe luzes vermelhas e azuis no céu e logo essa luz

O caso Roswell nordestino: Queda de UFO na Bahia, em Janeiro de 1995

Por Ufo Bahia: Nessa data, as 09:00 horas, uma in­formante do G-PAZ, "M" da TV BAHIA me ligou contando uma mirabolante his­tória de queda de um UFO em Feira deSantana(BA) a 112 Km de Salvador. Umfazendeiro de apelido Beto, tinha ligadopara TV SUBAÉ daquela cidade oferecen­do – em troca de dinheiro – um furo dereportagem; um disco voador tinha caído na sua fazenda e ele tinha provas e ima­gens do fato! Apenas depois do meio dia, conse­gui – por fim – falar com Beto, que apóssua proposta de negócio, ante minha (apa­rente) frieza, me contou com bastante de­talhes o acontecido. Soube que tambémtentara vender suas provas a TV BAHIA,onde procurou o repórter José Raimundo: "Ontem pela madrugada caiu algu­ma coisa na minha fazenda, dentro de umalagoa. Era do tamanho de um fusca; aqui­lo ficou boiando parcialmente submerso,perto da beirada. Tentei puxar como pude,trazendo para perto de mim, com uma vara.Aquilo parecia um parto... (quando seabriu uma porta) começou primeiro a s

Uma Nova Etapa!

Passados dez anos, Ufos Wilson trocou de nome e plataforma! Agora nos chamamos Banco de Dados Ufológicos e Científicos (BDUC). Nosso conteúdo segue o mesmo, levando informações sérias com foco principal na Ufologia Científica, porém divulgando e abrangendo todas as disciplinas científicas! A seguir o link do site, compartilhem e divulguem: https://bancodedadosufologicosecientificos.wordpress.com/