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Centro americano pode ser o primeiro programa acadêmico de pesquisa em busca de vida alienígena


Cientistas pretendem tornar a busca por inteligência extraterrestre um campo respeitado, com apoio e financiamento para pesquisas - Shutterstock

Um dia, na primavera de 2018, o professor de astrofísica Jason Wright deu a seus alunos uma tarefa difícil: fazer uma contribuição substancial e nova para o campo de busca por inteligência extraterrestre (Search for Extraterrestrial Intelligence, conhecido como SETI) — isso tudo em apenas um semestre. Esse tipo de pesquisa geralmente é feita em teses de doutorado, após anos de trabalho e desafios. Mas Wright solicitou aos alunos de uma de suas disciplinas na Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State) que realizassem esse trabalho porque parecia algo possível: da mesma maneira que os naturalistas do século 19 percorreram os trópicos para descobrir novas espécies, os novos cientistas da área de SETI ainda têm muitas frutos suculentos para colher. Embora o SETI exista há cerca de 60 anos, ainda é um campo acadêmico pequeno e imaturo, e suas pesquisas ocorrem, em grande parte, fora da torre de marfim. A Penn State gostaria de mudar esse cenário.

Essa aula inicial foi um teste, mas ela está agora no cronograma oficial do curso na faculdade, e representa o primeiro pequeno passo da instituição para impulsionar a pesquisa na área de SETI. O grande salto virá mais tarde, com a criação do Centro de Inteligência Extraterrestre da Penn State, ou PSETI: um centro acadêmico formal que visa financiar pesquisas, sediar conferências, ensinar alunos e desenvolver as próximas gerações (e todas as subsequentes) de cientistas que procuram por alienígenas no espaço. Se tudo der certo, Wright pretende lançar o PSETI no Primeiro Simpósio sobre SETI da Penn State, em julho de 2020.

JORNADA PARA O SETI

No comando deste navio ainda em construção está Wright, um sujeito afável e articulado que, até bem pouco tempo, estudava exoplanetas (e não sinais de possíveis alienígenas habitando esses planetas). Sua jornada para a pesquisa na área de SETI foi uma coincidência, uma colisão entre passado e presente que, como qualquer colisão, o fez sair em uma nova direção. Em 2012, ele participou de uma palestra de Michael Cushing, da Universidade de Toledo, sobre as anãs Y, as pequenas esferas estelares que às vezes são mais frias que o corpo humano. Essas estrelas estavam escondidas entre os dados da pesquisa Wide-Field Infrared Survey Explorer (WISE). “Ele conseguiu encontrar um ou dois objetos que estavam à temperatura ambiente no espaço”, diz Wright, ainda parecendo surpreso.

A temperatura relativamente fria desses objetos enviou o cérebro de Wright de volta aos seus dias de pós-graduação, quando um professor propôs que os alunos procurassem pelas chamadas esferas de Dyson — hipotéticos projetos de engenharia alienígena que capturam energia de estrelas e irradiam calor — usando dados de uma pesquisa chamada 2MASS. Wright acabou não seguindo com o projeto, porque a 2MASS só poderia detectar esferas de Dyson extremamente quentes, em níveis irreais. Na realidade, as estruturas, se existirem, provavelmente estariam mais próximas da temperatura ambiente — como uma anã Y, detectável pela base de dados da WISE. Foi durante o colóquio de 2012 que Wright ligou os pontos: “É isso!”, pensou. “Esse é o conjunto de dados necessário”. Com Steinn Sigurdsson, outro astrônomo da Penn State, ele sonhou com um projeto chamado G-HAT, ou Glimpsing Heat da Alien Technologies. Os dois examinaram os dados da WISE em busca de sinais de vida no espaço.

A dupla não encontrou nenhum, mas, enquanto Wright estava procurando, outra ideia lhe ocorreu: as esferas de Dyson também apareceriam em telescópios de luz visível — ao entrar na frente de suas estrelas, eles bloqueariam a luz delas. Um dia, enquanto trabalhava nessa ideia hipotética, uma astrônoma chamado Tabetha Boyajian passou em sua sala. Na mão, ela tinha alguns dados estranhos sobre uma estrela que periodicamente diminuía em mais de 20%, como se algo grande estivesse passando entre nós e ela — exatamente como faria uma esfera de Dyson. Wright mencionou essa ideia com um repórter do jornal Atlantic. Como é comum em manchetes sobre alienígenas, a notícia se tornou viral. E, de repente, um homem que havia feito apenas uma pequena pesquisa no campo de SETI ficou famoso e notório por isso.

Logo, quando os jornalistas precisaram de um comentário para seus artigos do tipo “Não estou dizendo que são aliens, mas…“, eles procuravam Wright. Ele decidiu adotar essa notoriedade — esteticamente e academicamente — e tornar mais fácil para que outros também atingissem esse nível. Wright percebeu que os obstáculos para a atividade SETI estavam localizados bem na linha de partida. Desde os anos 90, ela carece de financiamento, principalmente de fontes federais como a Nasa, das quais os astrônomos geralmente dependem. Também não há programas de treinamento. Apenas sete pessoas já fizeram doutorado na área de SETI. Além disso, há o fato de que muitas pessoas nos corredores de qualquer universidade chamam os esforços do tipo de de bobos, inúteis, impulsivos e deslocado da realidade. Então, quando John Gertz, ex-presidente do conselho do Instituto SETI, apresentou a ideia de um centro acadêmico que basicamente se contrapunha a todos esses rótulos, Wright mordeu a isca — e continuou mastigando. A ideia acabou se tornando o Centro de Inteligência Extraterrestre da Penn State, o PSETI.

UMA BUSCA LEGÍTIMA

Hoje, o PSETI conta com consultores como Natalie Batalha, ex-cientista de missão do telescópio Kepler, e Aleksander Wolszczan, codescobridor dos primeiros exoplanetas. Juntos, eles esperam amadurecer a área de SETI para que ela se torne um campo acadêmico completo. A astrônoma Jill Tarter — que dedicou toda sua carreira ao SETI, mas teve que trabalhar de maneira independente, fora das universidades e de agências de fomento — está animada com o que o centro pode vir a significar para a área. “Precisamos fazer do SETI uma busca acadêmica legítima”, diz ela. E isso significa também adicionar outras disciplinas. “É uma ótima maneira de ensinar uma variedade de tópicos de ciências mais tradicionais, como engenharia e matemática.”

A primeira coisa da lista de tarefas da PSETI é descobrir quais estudos importantes já foram realizados. “Isso faz parte do trabalho da academia”, diz Wright. “Formaliza as disciplinas e cria um cânone do trabalho que é citado e um corpo comum de conhecimento para se desenvolver. E é isso que falta no SETI”. Embora existam bons artigos reais sobre o uso do rádio no SETI, poucos trabalhos reúnem todo o espectro. “Havia várias jóias escondidas”, acrescenta ele, “muitos artigos que encontrei e que ninguém citou.” Por conta disso, cientistas da área têm explorado algumas ideias repetidas vezes, sem perceber.

Como solução do problema inicial proposto pelo professor, um aluno de pós graduação, Alan Reyes, criou uma grande biblioteca de estudos sobre o SETI como seu projeto final. Outros no mesmo curso adotaram abordagens diferentes: William P. Bowman e Caleb Cañas fizeram um banco de dados reunindo buscas por sinais alienígenas feitas até agora, que se tornou parte do catálogo pesquisável do Instituto SETI. Christian Gilbertson trabalhou com um projeto de 100 milhões de dólares, com financiamento privado, chamado Breakthrough Listen, para tornar seu código público em Python de fato utilizável por pessoas de fora. E Sophia Sheikh criou uma maneira de procurar sinais modificados por vida inteligente que sejam distorcidos pelo movimento em torno de suas estrelas, mesmo sem saber muito sobre esse movimento.

Sheikh planeja fazer seu doutorado na área e trabalhar como membro do PSETI. Mas o centro ainda não existe: ele aguarda a aprovação do vice-presidente da universidade. Douglas Cavener, reitor da Faculdade de Ciências Eberly, que integra a Penn State, e apoiador do PSETI, sente-se confiante de que a aprovação chegará em breve. “O presidente já está em nosso conselho consultivo, embora não tenhamos um centro ainda”, diz ele. E doadores ricos prometeram cerca de 3,5 milhões de dólares em propriedades como doação para o centro. O dinheiro do PSETI apoiará cientistas da Penn State com seus projetos, além de financiar o trabalho dos pesquisadores, simpósios, professores e os salários dos pós-graduandos. A iniciativa pretende ser para o SETI o mesmo que agências como a Nasa e a National Science Foundation foram para outros subcampos: um parceiro estável e solidário. Isso é particularmente importante para uma empreitada necessariamente longa, como vasculhar o Universo todo em busca de vida inteligente. “Estamos realmente comprometidos com o longo prazo”, diz Cavener.

Ninguém sabe o que o futuro reserva — quais descobertas serão feitas, que inovações serão planejadas, que sinais serão dissecados. Mas mesmo que os astrônomos façam contato extraterrestre algum dia, Wright acredita que o PSETI ainda será útil. O significado do acrônimo SETI mudará apenas: “O S da sigla mudará de search (‘pesquisa’) para study (‘estudo’)”, diz ele.

Sarah Scoles

FONTE: Scientific American Brasil

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