Por Patrícia Gnipper
Na próxima quarta-feira (10), pode ser que vejamos, pela primeira vez na história, a primeira foto real de um buraco negro. É que, nesta data, vai acontecer nos Estados Unidos um evento chamado The National Press Club, organizado em conjunto pelo projeto EHT (Event Horizon Telescope), pela Fundação Nacional de Ciências (NSF) e pelo European Southern Observatory (ESO), e a fundação revelou que "um grande anúncio" relacionado a buracos negros será feito durante a coletiva de imprensa.
O projeto EHT conecta observatórios de todo o mundo para criar um telescópio virtual do tamanho da Terra, com o objetivo de gerar potência de amplitude suficiente para visualizar a área ao redor de um buraco negro — especialmente seu horizonte de eventos. O projeto atualmente se concentra em dois buracos negros supermassivos que têm os maiores horizontes de eventos conhecidos, sendo um deles o Sagittarius A (que fica no centro da Via Láctea), e o outro é o buraco negro que domina a galáxia M87.
De acordo com o ESO, o evento apresentará "um resultado inovador do EHT", não deixando claro que se trata da aguardada imagem real de um buraco negro, mas a comunidade científica acredita que este será mesmo o anúncio; afinal, é disso que se trata o projeto do telescópio virtual.
Em outubro do ano passado, o EHT divulgou uma imagem simulada do que eles acham que veriam no futuro com a tecnologia em desenvolvimento. A imagem, claro, não mostra o buraco negro em si (pois sua gravidade é tão intensa que nem mesmo a luz consegue escapar dali), mostrando, na verdade, o que há além do horizonte de eventos ao seu redor. E é uma imagem real mais ou menos como esta simulada que a comunidade espera ver na próxima semana.
Mas calma, pois mesmo se a foto real só mostrar o que aparece ao redor do horizonte de eventos, não revelando o que existe ali dentro do "buraco", ainda assim a imagem será a primeira foto real de um buraco negro. Afinal, eles são compostos por partes diferentes, sendo que quando pensamos em "buraco negro", na verdade estamos considerando apenas a parte chamada de Singularidade — a parte mais densa. O horizonte de eventos é o raio ao redor da singularidade, e é a região onde a gravidade do buraco negro é tão forte que nada dali escapa. Depois, há a esfera de fótons, os jatos relativísticos, a órbita estável interna e o disco de acreção.
As partes de um buraco negro devidamente explicadas (Imagem: ESO, ESA/Hubble, M. Kornmesser/N. Bartmann)
FONTE: ESO, Space.com, Universe Today via canaltech.com.br
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