
PROJETO DE COMO IRÁ FICAR O EXTREMELY LARGE TELESCOPE (ELT) (FOTO: ESO/L. CALÇADA)
O Extremely Large Telescope (ELT) terá um complexo de 798 espelhos hexagonais para realizar observações mais detalhadas do espaço
Um gigante buraco circular de terra e cimento no topo da montanha chilena de Cerro Armazones dá a ideia das dimensões monumentais da construção do Extremely Large Telescope (ELT), que será o maior instrumento feito pela humanidade para a observação do espaço. Desenvolvido pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), o equipamento terá um enorme complexo de espelhos medirá 39 metros de diâmetro.
Para a construção do empreendimento era necessário encontrar um local com altitude elevada para as análises astronômicas e sem poluição luminosa. Para cumprir tais requisitos, os engenheiros nivelaram o topo da montanha chilena localizada no Deserto do Atacama.
As obras do ELT começaram em maio de 2017 e estão programadas para serem concluídas em 2024. Os custos estimados para a construção do empreendimento são de US$ 1,47 bilhão (contando com a inflação do período) até 2024 — o valor é equivalente a R$ 5,44 bilhões.

ÁREA DE CONSTRUÇÃO DO EXTREMELY LARGE TELESCOP (FOTO: ESO)
Observação de ouro
O ELT terá grande capacidade de geração de imagens. A chave para isso é o seu espelho primário em forma de favo de mel, composto por 798 espelhos hexagonais, cada um medindo 1,4 metros de diâmetro.
Para comparação, o Very Large Telescope (VLT) do ESO – o maior e mais avançado telescópio do mundo atualmente – conta com quatro telescópios que possuem espelhos medindo 8,2 metros de diâmetro, e quatro telescópios auxiliares móveis com espelhos medindo 1,8 metros de diâmetro. Combinando a luz dos telescópios (processo conhecido como interferometria), o VLT é capaz de obter a resolução de um espelho que mede até 200 metros.
Com 39 metros de diâmetro, o ELT terá vantagens sobre o VLT, ostentando uma área de coleta 100 vezes maior e com capacidade de coletar 100 vezes mais luz. Isso permitirá observações de objetos menores.

PROJETO DE ESPELHOS DO EXTREMELY LARGE TELESCOPE (ELT) (FOTO: ESO)
Em uma galáxia muito distante
Espera-se que o ELT seja capaz de visualizar diretamente exoplanetas ao redor de planetas distantes, algo raramente possível atualmente. Por causa disso, os objetivos científicos do telescópio incluem fazer imagens diretas de exoplanetas rochosos que orbitam suas estrelas, o que finalmente vai permitir que astrônomos sejam capazes de caracterizar as atmosferas de planetas "semelhantes à Terra". Acredita-se que o ELT será um divisor de águas na busca de mundos potencialmente habitáveis que estão além do Sistema Solar.
O ELT também poderá medir a aceleração da expansão do universo diretamente, o que permitirá resolver uma série de mistérios cosmológicos, tais como o papel que a energia escura desempenhou na evolução cósmica.
Trabalhando "de trás para frente", os cientistas poderão construir modelos mais abrangentes de como o universo se desenvolveu. Isso porque o ELT poderá conduzir levantamentos espectroscópicos de centenas de galáxias massivas que se formaram no final da "Idade das Trevas" – cerca de 1 bilhão de anos após o Big Bang.
Ao fazer isso, o ELT irá capturar imagens dos primeiros estágios da formação de galáxias e fornecer informações que até agora só estão disponíveis para galáxias mais próximas. Tudo isso revelará os processos físicos por trás da formação e transformação de galáxias ao longo de bilhões de anos.
FONTE: Revista Galileu - Launch Pad Astronomy
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