A missão não tripulada Chandrayaan-2 foi planejada para durar 14 dias a um custo de 91 milhões dólares (Onfokus/iStock)
Achou que a moda, agora, era ir a Marte? Achou errado. Embora o planeta cor de ferrugem seja um alvo cobiçado pelos líderes da exploração espacial – a Nasa e a Agência Espacial Europeia –, a Lua ainda é a menina dos olhos de países em desenvolvimento, que não tem verba para apostar mais longe.
A Índia marcou para março o lançamento da missão não-tripulada Chandrayaan-2 – que enviará um rover (em bom português, um jipinho de controle remoto muito chique) para explorar o polo sul da Lua. Ele será lançado em um foguete de fabricação própria chamado GSLV – que já colocou satélites artificiais em órbita mais de dez vezes com sucesso, mas nunca foi usado em expedições mais ambiciosas. A missão custará 91 milhões dólares.
Não é a primeira vez da Índia no único satélite natural da Terra. Em 2008, a missão Chandrayaan-1, que também visitou o polo sul, recolheu evidências bastante convincentes de que há água no astro. Chandrayaan-1 durou pouco: perdeu contato com a Terra após 300 dias, bem abaixo dos dois anos de vida útil planejados. Mas, de acordo com a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO), cumpriu 95% de seus objetivos.
O extremo sul da Lua é uma região relativamente inexplorada, e a comunidade internacional leva os esforços da Índia a sério. “Antes da primeira missão, era meio ciência maluca dizer que há água na Lua”, afirmou à Science o cosmoquímico James Greenwood. Agora, nós já estamos especulando quanta água há – se há água ou não é uma questão do passado.”
O rover de Chandrayaan-2 passará duas semanas coletando amostras do solo e fazendo análises químicas. Enquanto o veículo de 20 kg e seis rodas explora a superfície, um módulo com cinco instrumentos científicos, chamado orbiter, ficará na órbita do astro. Ele vai gerar imagens tridimensionais do relevo lunar, usará uma câmera de alta definição para fotografar o local do pouso e terá um espectômetro infravermelho, usado para verificar a abundância de moléculas de água.
O pouso do rover será feito com o auxílio de um terceiro veículo, o lander. Mas sua função não é apenas fazer o jipinho chegar à superfície em segurança, em um pouso cuidadosamente calculado. Ele também carrega instrumentos científicos, como um detector de atividade sísmica. Se o lander sobreviver a alguns dias na superfície, pode dar a sorte de colher dados sobre um terremoto – fornecendo dados valiosos sobre a geologia lunar.
Se tudo der certo, a Índia será o único país além dos EUA e da URSS a ter levado um veículo motorizado à superfície do astro por meio de uma aterrissagem controlada. Mesmo que Chandrayaan-2 não sobreviva aos 14 dias previstos de missão, ainda será um marco histórico.
FONTE: Revista Super Interessante
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