Não me entendam errado, buracos negros são legais, mas eles também são grandes vazios: esses abismos gravitacionais são conhecidos por devorar estrelas em ocorrências chamadas de eventos de disrupção por forças de marés (TDEs, na sigla em inglês). É sempre a mesma história de terror: um estrela desavisada vaga muito perto de um buraco negro e acaba completamente destruída pela gravidade dele. O espaço não é um lugar agradável?
Tradicionalmente, já buscaram TDEs em pesquisas aéreas que abarcam milhares de galáxias, levando-os a acreditar que esses eventos são extremamente raros — apenas uma disrupção por forças de marés a cada 10 mil a 100 mil anos por galáxia. Mas após observar uma provável TDE em uma pesquisa aérea de apenas 15 galáxias, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, concluiu que os buracos negros podem estar destruindo estrelas cem vezes mais frequentemente do que anteriormente suposto, baseados nessa amostra de tamanho relativamente pequeno. A pesquisa foi publicada nesta segunda-feira, na Nature Astronomy.
“Cada uma dessas 15 galáxias está passando por uma ‘colisão cósmica’ com uma galáxia vizinha”, disse o Dr. James Mullaney, palestrante de astronomia e autor do estudo, em um comunicado à imprensa.
“Nossas descobertas surpreendentes mostram que a taxa de TDEs aumenta dramaticamente quando galáxias entram em colisão. Isso acontece provavelmente pelo fato de que as colisões levam a grandes números de estrelas sendo formadas próximas a buracos negros supermassivos centrais nas duas galáxias, conforme elas se fundem.”
No começo de fevereiro, uma equipe de pesquisadores liberou suas descobertas sobre o TDE mais longo já registrado, que durou dez anos. Embora normalmente não possamos ver buracos negros — já que eles engolem tudo, inclusive a luz —, podemos ver explosões de energia à medida em que as estrelas estão no processo de serem devoradas. Aprender mais sobre as tendências destrutivas dos buracos negros agora nos dará uma compreensão melhor de como elas vão moldar o cosmos no futuro, especialmente dentro de nossa própria galáxia.
“Baseados em nossos resultados para a (galáxia conhecida como) F01004-2237, antecipamos que os TDEs serão comuns em nossa própria Via Láctea quando ela eventualmente se fundir com a galáxia vizinha Andrômeda, em cerca de cinco bilhões de anos”, disse Clive Tadhunter, professor de astrofísica e autor principal do estudo, em um comunicado.
“Olhando para o centro da Via Láctea no momento da fusão, veríamos uma explosão (de um TDE) aproximadamente a cada dez a 100 anos. As explosões seriam visíveis a olho nu e pareceriam muito mais claras do que qualquer outra estrela ou planeta no céu, à noite.”
Vale notar que esse é apenas um estudo, que chegou às suas conclusões baseado em apenas um TDE, que ainda precisa ser confirmado por uma investigação mais aprofundada. Ainda há muito mais trabalho a ser feito se quisermos realmente cravar o comportamento dessas feras elusivas.
“Primeiramente, deixe-me dizer que encontrar um TDE em uma galáxia starburst, como esses autores parecem ter feito, é uma descoberta importante, já que nunca foi visto antes”, contou ao Gizmodo Nicholas Stone, pós-doutor Einstein Fellow no Columbia Astrophysics Laboratory. “Entretanto, acho que mais observações de acompanhamento serão necessárias para confirmar esse candidato a TDE como um TDE de verdade. Em particular, estou um pouco preocupado com o possível aumento tardio em luminosidade dessa labareda, o que não seria esperado na maioria dos TDEs. O monitoramento aprofundado dessa galáxia pode esclarecer se a labareda está se reabrilhantando ou se apagando.”
Ah, o clareamento e o escurecimento da vida abreviada de uma estrela. Um brinde a muito mais anos de canibalismo de estrelas!
[University of Sheffield]
FONTE: GIZMODO BRASIL
Imagem do topo: NASA
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