
POR SALVADOR NOGUEIRA
Um grupo internacional de astrônomos encontrou uma série repetitiva de estranhas transmissões de rádio provenientes das profundezas do cosmos. Eles não sabem o que pode estar gerando o fenômeno, mas uma coisa é certa: pelo menos nesse caso não se trata de um evento cataclísmico, que acontece uma vez só, como a explosão de uma estrela em supernova ou o nascimento de um buraco negro. É algo que se repete.
Os pesquisadores partiram da detecção de um disparo rápido de rádio (FRB, na sigla em inglês) feita em 2012, no Observatório de Arecibo, em Porto Rico. Esse é um dos misteriosos sinais detectados nos últimos anos, vindos de regiões muito distantes. Há poucos dias, o Mensageiro Sideral abordou o primeiro sinal do tipo que teve sua galáxia de origem determinada — o que permitiu aos pesquisadores medir a densidade de matéria convencional no espaço que nos separava dela. (O resultado, você há de se lembrar, batia com a estimativa de que apenas 5% do Universo é feito das partículas conhecidas, componentes da chamada matéria bariônica, cujos representantes mais famosos são os prótons, nêutrons e elétrons.)
A questão é que ninguém havia visto um sinal como esse, altamente energético e com duração de uma mínima fração de segundo, se repetir numa mesma localização. Até agora. Ao monitorar novamente a mesma região do espaço em que fora detectado o FRB 121102, o grupo de Jason Hessels, do Instituto para Radioastronomia da Holanda, detectou outros dez outros pulsos semelhantes, cuja posição é consistente com a do original. Ou seja, o disparo muito provavelmente é repetitivo.

Região do céu de onde vieram os pulsos repetitivos, marcada por um círculo. (Crédito: Rogélio Bernal Andreo/DeepSkyColors.com)
“Pulsos repetitivos descartam modelos envolvendo eventos cataclísmicos — como a colisão de estrelas de nêutrons ou o colapso de estrelas de nêutrons supermassivas”, escrevem os pesquisadores, em artigo publicado na “Nature”.
Um dos candidatos mais prováveis a gerar os sinais, segundo os pesquisadores, seriam pulsares fora da Via Láctea capazes de produzir emissões gigantes.
A descoberta ainda gera uma dúvida adicional: será que todos os pulsos são repetitivos? Os pesquisadores destacam que Arecibo é bem mais sensível do que Parkes ou Green Bank, os outros observatórios a estudar os FRBs. Dos dez pulsos repetitivos detectados em Arecibo, só dois seriam potencialmentemente detectados em Parkes. O que levanta a possibilidade de que todos os FRBs sejam de natureza repetitiva, faltando-nos apenas a capacidade de detectar múltiplos pulsos na maioria dos casos.
Alternativamente, os FRBs poderiam ser gerados por objetos astrofísicos diferentes, de forma que alguns produzissem sinais repetitivos e outros não.
Ou seja, apesar da detecção de pelo menos um pulso repetitivo, ainda estamos muito longe de saber exatamente do que se tratam esses eventos.
FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/
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