
Imagem composta pelo NGC 4565 usado no novo estudo
Galáxias análogas à nossa crescem em média 500 metros por segundo
A galáxia onde habitamos, a Via Láctea, pode estar se tornando ainda maior. É o que sugere um estudo feito por Cristina Martínez-Lombilla, doutoranda no Instituto de Astrofísica de Canárias em Tenerife, na Espanha, e seus colaboradores. Ela apresentará o trabalho de sua equipe em uma palestra hoje (3) na Semana Europeia de Astronomia e Ciência Espacial, em Liverpool.
O Sistema Solar está localizado em um dos braços do disco de uma galáxia do tipo espiral barrada que chamamos de Via Láctea, com um diâmetro de mais ou menos 100.000 anos-luz. A galáxia em que vivemos contém várias centenas de bilhões de estrelas, com uma grande quantidade de gás e poeira misturados, que interagem através da força da gravidade.

MAPA DA VIA LÁCTEA. (FOTO: CREATIVE COMMONS)
A natureza dessa interação determina a forma de uma galáxia, que pode ser espiral, elíptica ou irregular. Como uma espiral barrada, a Via Láctea consiste em um disco no qual as estrelas, poeira e gás se situam principalmente em um plano, com braços se estendendo para fora de uma barra central.
No disco da Via Láctea há estrelas de diferentes idades. Estrelas azuis massivas e quentes são muito luminosas e tem uma vida útil relativamente curta, de milhões de anos. Estrelas de massa menor terminam sua vida com luz vermelha muito fraca e podem viver por centenas de bilhões de anos. As estrelas mais jovens de curta duração são encontradas no disco da galáxia, onde novas estrelas continuam a se formar, já estrelas mais velhas se localizam no bojo em torno do centro galáctico e no anel que circunda o disco.
Algumas regiões onde nascem estrelas ficam na borda externa do disco, e certos modelos que simulam a formação de galáxias preveem que novas estrelas irão lentamente expandir o tamanho da galáxia onde estão situadas. Uma dificuldade para estabelecer a forma correta da Via Láctea é que nós vivemos dentro dela, então os astrônomos observam galáxias similares e análogas à nossa em outros lugares.

POSIÇÃO DO SOL NA VIA LÁCTEA. (FOTO: CREATIVE COMMONS)
Martinez-Lombilla e seus colegas se propuseram a descobrir se outras galáxias espirais similares à Via Láctea estão efetivamente aumentando de tamanho, e a entender o que isso significa para a nossa própria galáxia. Ela e sua equipe utilizaram o telescópio de solo SDSS para obter dados ópticos, e dois telescópios espaciais, o GALEX e o Spitzer, para dados próximos dos raios UV e infravermelho, respectivamente, com o objetivo de observar em detalhes as cores e os movimentos das estrelas de outras galáxias que estão situadas perto do limite do disco.
Os pesquisadores mediram a luz nessas regiões, que se originava predominantemente de estrelas novas e azuis, e mediram o movimento vertical (para cima e para baixo do disco) das estrelas para calcular quanto tempo irá levar para elas se afastarem do local em que se originaram, e como suas galáxias hospedeiras estão crescendo em tamanho. Com esta base, calcularam que galáxias semelhantes à Via Láctea estão crescendo em média 500 metros por segundo.
Martinez-Lombilla comenta: “A Via Láctea já é muito grande. Contudo, nosso trabalho mostra que, pelo menos a parte visível dela está aumentando vagarosamente de tamanho enquanto as estrelas formam-se nas periferias galácticas. Não será rápido, mas se fosse possível viajar no tempo e observar a galáxia daqui a 3 bilhões de anos ela seria 5% maior do que é atualmente”.
Esse crescimento vagaroso pode ser discutível em um futuro distante. É previsto que a Via Láctea colida com sua vizinha, a Galáxia Andrômeda, em cerca de 4 bilhões de anos, e o formato de ambas irá mudar radicalmente quando elas se fundirem.

NGC 4565, uma galáxia espiral a uma distância estimada em 30-50 milhões de anos-luz.
Crédito: Ken Crawford

NGC 5907, uma galáxia espiral a aproximadamente 50 milhões de anos-luz de distância. Imagem captada pelo telescópio de 24 polegadas no Mt. Lemmon, no estado norte-americano do Arizona.
Crédito: J. Schulmann

Composição da galáxia NGC 5907 usada no novo estudo.
Crédito: C. M. Lombilla/IAC
Real Sociedade Astronomica
FONTE: SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL
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