
POR SALVADOR NOGUEIRA
Um novo estudo confirmou o que a maioria dos astrônomos já desconfiava desde o início — as estranhas variações de brilho pelas quais passa o astro chamado KIC 8462852, a chamada Estrela de Tabby, não são causadas por uma megaestrutura alienígena em construção ao redor dela.
O trabalho foi baseado em novos dados colhidos em observações posteriores feitas com telescópios em solo, que foram além daqueles obtidos pelo satélite Kepler. Uma campanha de financiamento coletivo com cerca de 1.700 pessoas juntou mais de US$ 100 mil para a compra de tempo de telescópio para que os estudos continuassem.

Tabetha Boyajian e parte de sua equipe na Universidade Estadual da Louisiana (Crédito: LSU).
Com isso, foi possível acompanhar a variação de brilho da estrela nos últimos meses. E a observação crucial para determinar que não se tratava mesmo de uma construção artificial foi comparar os padrões de redução de brilho em diversos comprimentos de onda diferentes. Se fossem uma construção, a estrutura bloquearia da mesma maneira todas as frequências.
Contudo, não foi isso que se viu. Dependendo do comprimento de onda, a variação era maior ou menor. Em resumo: cores diferentes são bloqueadas a intensidades diferentes. Isso descarta explicações que envolvessem corpos sólidos de grande porte, fossem eles planetas ou megaestruturas artificiais.
O que restou? Bem, a hipótese mais provável continua sendo aquela que já havia sido aventada desde o início — poeira, talvez produzida por uma grande quantidade de cometas. É impossível, contudo, afirmar isso com toda certeza agora. Uma possibilidade alternativa é que a própria estrela tenha uma variação de brilho própria, talvez por ter recentemente engolido um planeta — os novos dados são consistentes com isso também.
O caso é uma interessante demonstração de como funciona a ciência. Hipóteses são formuladas, e dados são colhidos que podem corroborar ou refutar essas hipóteses. No caso em questão, as novas observações eliminaram algumas das possibilidades, mas restam outras ainda no jogo. Futuras observações podem ir ainda mais longe e nos deixar apenas com uma resposta. Ainda não chegamos lá, mas já tivemos importantes descartes.
O trabalho liderado por Tabetha Boyajian, foi publicado nesta quarta-feira (3) no “Astrophysical Journal Letters”.
FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br
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