
POR SALVADOR NOGUEIRA
A missão Cassini está chegando ao fim, após 13 anos de exploração de Saturno e suas luas. As observações feitas pela sonda transformaram Titã, o maior dos satélites naturais saturninos, de uma bolinha cor de laranja indistinta em um mundo fascinante. E agora, Rosaly Lopes, pesquisadora brasileira que trabalha na Nasa e participa da missão, quer dar o próximo passo: descobrir como procurar vida lá.
“Acabei de colocar uma proposta para a Nasa para estudar a possibilidade de vida em Titã, só com dados e experiências que a gente pode fazer aqui na Terra”, explicou Lopes ao Mensageiro Sideral.
A ideia é investigar que formas de vida poderiam sobreviver no oceano de água líquida que existe no subsolo de Titã. “Nós temos colegas que vão fazer experiências de organismos terrestres em alta pressão para ver quais desses que podem sobreviver, em temperaturas similares [às de lá] também”, prossegue Lopes. “E depois talvez [investigar se] esses micróbios, esses organismos, poderiam subir para a superfície, e como você poderia detectar, porque detectar vida não é uma coisa fácil.”

Titã é um mundo incrível. Tem uma atmosfera um pouco mais densa que a da Terra, e é o único objeto do Sistema Solar, fora a Terra, a ter um ciclo hidrológico. Só que lá, a uma temperatura de -180 graus Celsius na superfície, as substâncias que se alternam entre os estados líquido e gasoso são hidrocarbonetos, e não água. E, vários quilômetros abaixo do solo, estima-se que exista um oceano de água líquida também, a temperaturas mais amenas. Na verdade, por lá, a água faz o papel que o magma tem aqui na Terra, vez por outra talvez indo à superfície por meio de vulcanismo — criovulcanismo, no caso.
“Conseguimos ver que Titã tem lagos de metano e etano, principalmente metano, e é o único mundo além da Terra que tem lagos de líquido na superfície. São realmente mares, são enormes. E nós vemos que todas as formações geológicas que temos na Terra existem em Titã: há produtos de erosão, de vento, como dunas, tem montanhas, tem tectonismo, talvez vulcanismo — achamos que sim, mas não temos certeza –, crateras de impacto, mas poucas, o que significa que a superfície é jovem. Então, nós chamamos Titã de ‘a outra Terra do Sistema Solar’.”
Confira a seguir a íntegra da entrevista, em que Rosaly Lopes conta, entre outras coisas, como nasceu sua obsessão por vulcões — ela é a cientista que mais descobriu vulcões no Sistema Solar –, como foi participar da missão Galileo a Júpiter e como está o clima no JPL, o Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, para o fim da Cassini, que mergulhará em Saturno em 15 de setembro.
FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br
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