
POR SALVADOR NOGUEIRA
Há vários séculos sabemos que o Sol passa por misteriosos períodos alternados de aumento e redução de atividade, acompanhados pela inversão de seus polos magnéticos, a cada 11 anos. Agora, um grupo internacional de pesquisadores com participação brasileira parece ter descoberto por quê.
O artigo está publicado na edição desta semana do periódico “Science” e confirma algo que (só aparentemente) é óbvio: o Sol é mesmo uma estrela de tipo solar.
Calma, explica-se. De uns dez anos para cá, baseando-se justamente no padrão cíclico solar, surgiu entre os cientistas uma desconfiança de que o Sol poderia ser uma estrela com comportamento atípico, se comparada a astros com composição e massa similares.
O novo trabalho desfaz essa impressão. Por meio de uma simulação rodada em supercomputador, o grupo liderado por Antoine Strugarek, da Universidade de Montreal, no Canadá, “recriou” o Sol em laboratório, e confrontou o modelo com dados observacionais e com padrões vistos em outras estrelas.
Resultado: aparentemente tudo se encaixa.
“Nós mostramos que o que acontece é um processo não-linear”, diz José Dias do Nascimento Jr., pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Harvard, nos EUA.
As simulações mostraram que há um atrelamento entre o período do ciclo magnético e a influência da rotação da estrela nos processos de convecção internos. Convecção é o movimento que acontece em materiais fluidos por conta do calor. O exemplo clássico é o ar quente que sobe e o ar frio que desce, na atmosfera. No caso em questão, contudo, estamos falando de movimentos internos do plasma solar. E o campo magnético das estrelas é gerado justamente em suas camadas convectivas turbulentas.
A simulação não só mostrou com essas inversões periódicas dos polos magnéticos podem acontecer, como também atrelou claramente o período a um parâmetro conhecido como número de Rossby, que quantifica a influência da rotação na convecção turbulenta.
O Sol tem uma rotação aproximada de 24 dias (embora, por ser fluido, diferentes partes dele girem em seu próprio ritmo).
Confira a seguir o mais novo episódio de CONEXÃO SIDERAL, que conversa com José Dias do Nascimento Jr. sobre esta descoberta, a importância do estudo de gêmeas solares e sua participação na missão Plato, um projeto espacial de busca por exoplanetas a ser conduzido pela ESA (Agência Espacial Europeia) na próxima década.
FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br
Comentários
Postar um comentário