
POR SALVADOR NOGUEIRA
Existe uma grande ansiedade para o lançamento do Telescópio Espacial James Webb, em outubro do ano que vem, sobretudo em conexão com o estudo de exoplanetas e a busca de potenciais evidências de habitabilidade e vida fora do Sistema Solar. Mas, quando o próximo grande observatório da Nasa foi projetado, seu objetivo era outro: sua missão principal era — e continua sendo — observar as primeiras galáxias do Universo.
Quem conta essa história é Duília de Mello, astrofísica, pesquisadora associada da agência espacial americana e vice-reitora da Universidade Católica da América, em Washington (EUA).
“O que ele foi feito mesmo para fazer é observar as primeiras galáxias. A gente não sabe quando as primeiras galáxias se formaram. A gente não sabe nem se teve uma primeira geração de estrelas e depois surgiram as galáxias, e é isso que o James Webb vai tentar ver”, afirma a pesquisadora ao Mensageiro Sideral.
Por essa razão, e diferentemente do Hubble, o novo telescópio será um observatório exclusivamente capaz de detectar luz infravermelha. Como o comprimento de onda da luz se estica ao atravessar grandes distâncias, em razão da expansão cósmica, o que era ultravioleta lá nos confins do Universo chega aqui já como infravermelho.

A astrônoma Duilia de Mello, com modelo do Telescópio Espacial James Webb (Crédito: Tommy Wiklind/Nasa)
“A gente vai conseguir então ver as primeiras galáxias, [que se formaram há] 13,5, 13,4 bilhões de anos. Essa é a ideia de observar com o James Webb, e é isso que eu quero fazer também — quero ver ‘baby galaxies’, galáxias bebezinhas, se formando”, conta Duília.
Os resultados que o novo telescópio trará com exoplanetas também empolgam a cientista. “Depois vamos ter de ter uma missão dedicada a exoplanetas, mas com o James Webb já se espera que se possa fazer alguma coisa transformadora, algo que vá ser legal.”
Em termos de pesquisa de exoplanetas, o foco estará sobre os mundos a orbitar estrelas menores e menos brilhantes — as anãs vermelhas, como Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol. Contudo, há grande discussão entre os astrônomos se planetas na zona habitável dessas estrelas poderiam ou não ter ambientes favoráveis à vida. O James Webb pode ser o tira-teima neste caso.
Antes que ele possa fazer isso, contudo, o telescópio precisa ser lançado e funcionar corretamente. E Duília de Mello afirma que, no momento, esta é a maior preocupação de todos os envolvidos com o projeto. “Ele vai abrir [no espaço] igual a um guarda-chuvinha, e são 65 pontos de abertura. Se um desses der errado, são muitos bilhões de dólares, muita gente a perder o sono. Essa é a ansiedade atual.”

Concepção artística do James Webb no espaço (Crédito: Nasa)
Confira a seguir o que Duília de Mello tem a dizer sobre a inserção das mulheres na ciência, o que está reservado para o futuro do Hubble, qual telescópio a Nasa pretende lançar depois do James Webb, que pesquisas ela está conduzindo agora e qual foi a grande questão científica que já chegou a tirar seu sono, na entrevista completa.
FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br
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