Cena do filme Ex Machina, de 2015, em que um programa de inteligência artificial adquire características humanas (Divulgação/Divulgação)
Alunos de um curso online do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA, passaram os últimos cinco meses aprendendo com um robô – sem desconfiar
Para ajudar em seu curso online de ciências da computação no Instituto de Tecnologia da Geórgia, o professor Ashok Goel, selecionou um novo assistente neste semestre. O papel da americana Jill Watson era responder a algumas das cerca de 10.000 mensagens que os 300 alunos postavam em fóruns online relacionados aos temas da disciplina. Nos últimos cinco meses, Watson auxiliou os estudantes de pós-graduação com questões de rotina, fazendo lembretes de datas de entrega de trabalhos e sendo um apoio no momento de desenhar programas digitais. Há pouco mais de duas semanas, os alunos descobriram que Jill Watson é, na verdade, um robô – uma versão avançada do programa Watson, da IBM, conhecido por derrotar dois campeões do jogo de perguntas Jeopardy!
Professor assistente – A tecnologia é um programa de computador especialista em compreender questões complexas, analisar dados e apresentar respostas e soluções. Esse sistema de computação cognitiva é usado atualmente em algumas áreas como medicina e administração para apoiar o trabalho diário dos profissionais.
“Queríamos que o programa pudesse ser uma maneira de oferecer feedback e respostas mais ágeis aos alunos”, disse Goel em um comunicado do Instituto. “Um dos segredos dos cursos online é que, se houver mais estudantes, a quantidade de questões aumenta, mas o número de perguntas diferentes é constante. Os estudantes tendem a querer saber as mesmas coisas.”
Goel achou que poderia adaptar o programa para responder as questões mais constantes e simples dos alunos de seu curso – uma das principais razões para o abandono de cursos online é a falta de respostas dos professores às milhares de postagens dos estudantes.
O professor e seu time de pesquisadores começaram a abastecer o sistema com as questões e respostas mais comuns do curso (cerca de 40.000 postagens) no ano passado. Em janeiro deste ano, Jill Watson tornou-se a nona professor assistente da equipe de Goel. No início, suas respostas eram supervisionadas e foram publicadas em site que não era visível para os alunos, pois as soluções eram bastante ruins. Em pouco tempo, aprendendo com os erros, a professora tornou-se apta a responder diretamente aos estudantes – em março suas respostas tinham uma taxa de exatidão de 97% e ela não precisava mais de nenhuma supervisão humana para conversar com os alunos.
Nos fóruns virtuais do curso, Jill Watson respondia às questões com frases como “sim!”, ou “nós adoraríamos responder!”. Os estudantes não suspeitavam que estivessem interagindo com uma máquina. “Parecia uma conversa normal com um humano”, disse a aluna Jennifer Gavin ao site do The Wall Street Journal. Em 26 de abril, Goel contou sobre a experiência aos alunos – a reação, após a surpresa foi positiva. “Estávamos tendo um curso sobre inteligência artificial, então imaginei que deveria ter algum exemplo no curso”, disse o estudante Tyson Bailer no comunicado do Instituto. “Acredito que é uma ótima ideia e espero que seja aperfeiçoada.”
A ideia é que Jill Watson seja uma assistente apta a dar respostas a cerca de 40% das questões dos estudantes. Com seu apoio, os professores de carne e osso ficam mais livres para responder às questões mais complexas e filosóficas feitas pelos alunos, como “o que é inteligência” – isso, máquina nenhuma ainda consegue responder sozinha.
FONTE: REVISTA VEJA
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