
Imagem de parte da região do céu observada pelo levantamento UltraVISTA com as localizações de algumas das galáxias recém-descobertas marcadas pelos círculos em vermelho - ESO/UltraVISTA
Astrônomos anunciaram nesta quarta-feira a descoberta de mais de 500 galáxias gigantes formadas ainda na infância do Universo, a partir de cerca de apenas 1 bilhão de anos depois do Big Bang, a grande explosão que se acredita ter dado origem a tudo que existe hoje, a aproximadamente 13,8 bilhões de anos atrás. O achado, no entanto, surpreendeu os cientistas, já que de acordo com as teorias e modelos atuais de evolução destes objetos, eles não teriam tido tempo para se formarem tão cedo na História do Cosmo.
Para encontrar as galáxias, os astrônomos liderados por Karina Caputi, do Instituto Astronômico Kapteyn, da Universidade de Groningen, na Holanda, analisaram detalhadamente imagens obtidas pelo levantamento UltraVISTA, um dos seis projetos tocados atualmente pelo telescópio Vista, do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, assim como dados do telescópio espacial Spitzer, da Nasa. Desde dezembro de 2009, o UltraVISTA tem observado a mesma região do céu, com tamanho equivalente a quatro Luas cheias, na faixa do infravermelho próximo, enquanto o Spitzer, lançado em 2003, continua a operar na faixa do infravermelho médio.
Estas observações em infravermelho permitem aos astrônomos ver tanto objetos escondidos por nuvens de poeira quanto os muito distantes, como as galáxias agora descobertas. Isso acontece porque, devido à expansão do Universo desde o Big Bang, quanto mais longe um objeto está, mais rápido ele se afasta de nós, o que faz sua luz derivar para a faixa vermelha e infravermelha do espectro, num fenômeno conhecido como efeito Doppler, e chamado na astronomia de “desvio para o vermelho”. É o que também acontece, por exemplo, com o som da sirene de uma ambulância, que parece mais agudo à medida que ela se aproxima de nós e vai ficando mais grave quando ela se distancia. Com isso, eles puderam montar um “censo” das galáxias de brilho mais tênue que existiam quando o Universo tinha entre apenas 750 milhões e 2,1 bilhões de anos de idade.
- Revelamos assim 574 novas galáxias maciças, a maior amostragem já obtida destas galáxias antes escondidas no Universo primordial – comemora Karina. - O estudo delas vai nos permitir responder uma pergunta simples, mas muito importante: quando as primeiras galáxias maciças surgiram?
Segundo os astrônomos, a pesquisa indica que houve uma “explosão” no número de galáxias gigantes no Universo em um período relativamente muito curto de tempo. De acordo com eles, muitas das que vemos hoje na nossa vizinhança cósmica se formaram apenas 3 bilhões de anos depois do Big Bang. Além disso, as galáxias maciças agora reveladas respondem por cerca da metade do total de grandes galáxias - com massa maior que 50 bilhões de vezes a do Sol, aproximadamente a mesma da nossa Via Láctea - presentes quando o Universo tinha entre 1,1 bilhão e 1,5 bilhão de anos.
- Mas não encontramos evidências da existência destas galáxias maciças antes de cerca de 1 bilhão de anos depois do Big Bang – destaca Henry Joy McCracken, do Instituto de Astrofísica de Paris e coautor do estudo, publicado nesta quarta-feira no periódico científico “Astrophysical Journal”. - Assim, estamos confiantes que esta foi a época em que as primeiras galáxias maciças devem ter se formado.
FONTE: O GLOBO
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